Representantes de empresas, investidores de impacto, organizações sociais e agricultores familiares participarem do evento “Oportunidades na Caatinga: investimento, conexão com mercados e inclusão”, que aconteceu no dia 03 de dezembro, em Recife (PE). Organizado pela IDH, o evento aprofundou o debate sobre estratégias de desenvolvimento de cadeias produtivas do bioma, quais os desafios e as oportunidades para a produção e comercialização de produtos da região.
A Caatinga, lar de agricultores familiares que produzem desde algodão agroecológico e mel até plantas medicinais e frutas silvestres, foi apresentada como um espaço de grande potencial para investimentos que aliam impacto social, econômico e ambiental.
Durante o encontro, especialistas enfatizaram como práticas de compra direta e parcerias com produtores locais podem gerar resultados significativos para empresas e comunidades. “Quando as empresas escolhem produtos da agricultura familiar, elas não apenas aumentam a renda dos agricultores, mas também fortalecem suas estratégias de ESG e atendem à crescente demanda por produtos sustentáveis”, explicou Grazielle Cardoso, gerente do Programa Raízes da Caatinga, da IDH.
O conceito de “renda digna” – que busca assegurar uma remuneração justa aos agricultores – esteve no centro das discussões. Nesse painel foi abordada a conexão entre produtores e empresas, destacando a importância de programas que agreguem valor aos produtos.
“Atuamos ajudando em algumas instituições, mas sem conhecimento específico sobre o que acontece. Daqui eu levo boas conexões, melhor entendimento do projeto Raízes da Caatinga, entendendo que estamos no caminho certo e que precisamos contribuir ainda mais”, adicionou Gysleandro do Nascimento Amaral, do Grupo Pajeú, de Pernambuco.
Marcela Bacchin, consultora do Mercado Livre, adicionou como ponto crucial pensar no consumidor final. “Para acessar um mercado grande e pujante é preciso entender a capacidade produtiva, mas também pensar nas estratégias ideais de qual mercado acessar em virtude das preferências dos consumidores”.
A voz de quem produz também teve destaque. “As empresas se envolvendo nessa compra da agricultura familiar nos fortalece, dá mais coragem, faz com que a gente acredite mais e com isso a gente cresce junto”, adicionou Evanildo Oliveira Araújo, produtor da Paraíba.
“A gente conseguiu ver aqui as demandas dos agricultores das cooperativas, associações, assim como vimos a demanda do comércio. Com isso vimos o caminho mais viável tanto para o agricultor como para o mercado”, refletiu Nadjanécia dos Santos Guerra, produtora de Pernambuco.
O evento fez um chamado à ação: construir um fundo social e econômico para transformar a Caatinga em um modelo de desenvolvimento sustentável. A proposta é criar um grupo de trabalho para construir um plano que viabilize a superação dos desafios para o acesso aos mercados.
“Juntar esses atores em uma reunião onde se discute os problemas históricos e desafios é fundamental pra gente encontrar caminhos. Agora precisamos dar mais um passo”, acrescentou Fábio Santiago, da Diaconia.
A Caatinga, muitas vezes associada a desafios climáticos, foi reafirmada como um símbolo de resiliência e oportunidade. “Foi uma oportunidade de escutar de vários atores e entender o que de fato é possível fazermos juntos para as pessoas diversificarem produção a renda e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”, enfatizou Mariana Oliveira, do WRI Brasil.
O evento faz parte das atividades do Programa Raízes da Caatinga, criado em 2021 pela IDH em parceria com a Fundação Laudes para promover o desenvolvimento social e econômico sustentável, a restauração e conservação do bioma.